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Galeria Luciana Brito

Ernesto Pujol: Human Fields

LB News
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A Galeria Brito Cimino inaugura no próximo dia 25 de fevereiro a exposição “Human Fields”, composta por quinze fotografias de Ernesto Pujol, artista cubano radicado há 17 anos em Nova Iorque. A exposição esteve no Jersey City Museum (EUA) de setembro a dezembro de 2002, com o título “American Fields: Uma paisagem em transformação”, acompanhada de uma instalação.

 

Nas fotografias agora expostas temos a imagem campestre de um milharal, de um velódromo e toda a estrutura construída ao seu redor, incluindo uma arquibancada, onde a presença humana está sempre ausente. Este campo -uma área de plantio de milho no vale Lehigh nas proximidades de Allentown, no estado da Pensilvânia – é, ao longo de suas verdes extensões, cortado por este velódromo, amplamente utilizado para uma diversidade de competições de ciclismo nas temporadas de verão.

 

A imagem do campo nos traz a lembrança à pintura de paisagem, mas as fotografias de Pujol não param por aí. Se o homem está ausente nas imagens fotográficas, ele se encontra presente no local fotografado. A paisagem do campo traz a presença do homem, que pode ser vista na concepção/formação desta área, que antes era uma paisagem natural e agora é planejada (pelo homem) para o plantio direcionado, por exemplo, para a indústria de alimentos. A área verde é fotografada pelo artista de maneira que nos aproxima da plantação e de sua geometria. Assim, em determinados momentos, em close o artista nos insere na paisagem de forma que nos faz sentir ao lado dos pés de milho que estão plantados. Pujol posiciona a câmera de modo que ficamos rente à plantação, testemunhando o plantio e a sua amplidão. Surge uma imensidão ainda maior na abundante horizontalidade que o artista cria sobre a paisagem que dispõe: o céu azulado que cobre a plantação, numa extensa vista de “verde-céu-azulado”.

 

Curiosamente, intrínseca a esta paisagem, estende-se um velódromo que, para receber os usuários -que treinam e competem no local - possui toda uma estrutura montada: são bancos, arquibancadas, mastros com bandeiras americanas e os anúncios de empresas e os seus logotipos. Agora temos um local de passagem, onde as pessoas transitam com um determinado fim e logo vão embora. Nestas fotografias, a construção permanente, organizada, árida e vazia do espaço, nos é mostrada pelo artista com toda a força e grandiosidade de suas estruturas. Encontramos um espaço tão assumidamente fixo para um trânsito por vezes tão escasso e esporádico de pessoas.

 

Se nós somos convidados a observar dois espaços antagonicamente complementares, de uma mesma paisagem, nos resta aceitar o convite e usufruir o que as diferentes versões de um mesmo espaço podem nos dizer.  Se de um lado temos uma amplidão de verdes e azuis que nos traz uma paisagem calma e quieta, do outro temos um incômodo silêncio, vazio da mesma forma que o outro lado, mas muito mais inquietante, talvez porque seja explicitamente mais construído e organizado que o primeiro.

 

Esta é a primeira vez que Ernesto Pujol expõe no Brasil.

 

Biografia

 

A partir dos anos 90, Ernesto Pujol vem criando uma obra significativa e eloqüente que inclui pintura, fotografia conceitual e instalação. Ele questiona as políticas de identidade, amplia o diálogo sobre religião como forma de arte contemporânea, e critica a representação de gênero. Sua voz tem importância fundamental na história da arte contemporânea de seu país. Pujol nasceu em 1957 em Havana, Cuba, e se criou em San Juan, Porto Rico. Formou-se pela Universidade de Porto Rico (1979) com ênfase em pintura. Entre 1979 e 1985, Pujol pertenceu à uma ordem religiosa da Igreja Católica. No final dos anos 80, retomou sua atividade artística. Desde então, expôs seus trabalhos em muitas mostras individuais, além da Bienal de Johannesburgo, 2a. Bienal
Saaremaa (Estônia) e a 6a. Bienal de Havana, todas estas em 1997.  

 

O artista foi diversas vezes contemplado com prêmios e bolsas por organizações que incluem a Joan Mitchell Foundation, Pollock-Krasner Foundation, Cintas Foundation, e Fundo dos Artistas Cubanos.

25.02.2003 a 16.03.2003

 

terça a sexta-feira, das 10h às 19h
sábados, das 11h às 17h
entrada gratuita